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18 de junho de 2013

Deve-se estar preparado para nunca mais recuperar aquela alegria de antes. Pois as pessoas confundem alegria com felicidade. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Elas podem estar juntas em parte, mas não num hipotético todo.
Deve-se estar preparado para nunca mais rir à toa. Deve-se estar preparado para uma pequena faixa de tristeza que irromperá às vezes no peito outrora alegre e ser feliz mesmo assim.
Deve-se estar preparado para nunca mais achar graça nas coisas que já foram engraçadas, naquelas épocas em que tudo era de uma alegria sem propósito, em que tudo era apenas um movimento automático de bobeiras e falsas alegrias. Pois a vida é uma sucessão de calamidades, algumas boas e outras nem tanto. A maioria é neutra. E só.
Deve-se estar preparado para encontrar a felicidade a todo custo, na alegria ou na tristeza (e mais na segunda do que na primeira). Sem bobeiras, sem risos frouxos, sem piadas babacas, sem aturar filas intermináveis para assistir ao comediante do momento, sem as fugacidades dos confortos modernos, sem as rotinas covardes que também nos enchem de confortos, sem nada daquilo que erroneamente consideramos a chave para a felicidade. E que nunca é.
A felicidade é uma porta sem chaves alegres. Basta abri-la. E entrar. O difícil é achar essa porta. Mas ela está por aí. Sem falsas alegrias, claro.
Deve-se estar pronto para nunca mais ser um bobo alegre. E ser feliz mesmo assim.
Vaner Micalopulos

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